A Guaimbê foi constituída juridicamente em 2001 como entidade civil de caráter humanitário, de direito privado, sem fins lucrativos, com o objetivo de promover o encontro intergeracional entre os seres humanos e desses com o seu meio, visando o autoconhecimento e estimulando-lhes o pleno exercício da cidadania e da autonomia por meio de vivências e atividades culturais, esportivas, artísticas e educacionais. Palavra de origem munduruku, guaimbê (ou cipó imbé) significa coluna vertebral, nome que dá sentido ao seu objetivo de estimular e articular os vários grupos–vértebras que coabitam e atuam no espaço, respeitando e ressignificando seus saberes e contribuindo para seu empoderamento no encontro entre os diferentes.
Inicialmente concebido como grupo de atuação e formação artística e cultural reuniu, em meados de 2002, artistas, educadores, pais e jovens em formação, com a intenção de restituir a prática da educação coletiva por meio do convívio comunitário criativo. O trabalho realizou-se por um ano em espaços públicos até ser transferido para a casa de uma das associadas, lá funcionando até final de 2003, quando então transferiu-se definitivamente para o bairro do Alto do Bonfim, graças ao vínculo estabelecido pelo grupo Flor de Pequi – uma das vértebras da Guaimbê – com a comunidade local por meio de suas rodas de brincadeiras da tradição oral.
O nome da sede – Quintal da Aldeia – foi escolhido em homenagem ao espaço coletivo presente nas aldeias indígenas, local natural de encontro e aprendizado lúdico e cotidiano entre todas as gerações. Em conversas com os mais antigos da cidade, descobriu-se que este lugar de convívio lúdico em Pirenópolis está estritamente ligado aos quintais das casas populares. Era lá que aconteciam os teatros, brincadeiras e outras manifestações criativas e artísticas. A surpresa foi ainda maior quando descobriu-se que o bairro do Bonfim já era e é até hoje conhecido pejorativamente na cidade por ‘aldeia’. Assim, respeitando esta feliz sincronicidade, o grupo assumiu-se neste Quintal da Aldeia.
Logo de início somaram-se ao grupo inicial, integrantes dos movimentos de Capoeira Angola, Muay Thai e Hip Hop, protagonistas, no bairro, de expressões tradicionais e contemporâneas que confirmavam as demandas por afirmação de sua identidade, dando início à inserção de grande número de famílias locais em situação de vulnerabilidade social e à formação de uma rede de educadores comunitários. A partir desta rede e observando a importância do convívio e trabalho comunitário como fontes de empoderamento e valorização de identidade pessoal e coletiva, a Guaimbê deu início a um trabalho de pesquisa, registro e difusão do patrimônio histórico-esportivo-cultural local e de mapeamento das relações de ocupação do Centro-Oeste a partir da noção de territorialidade dos vários povos e culturas que compõem a comunidade local. Todo o trabalho tem demonstrado a forte ligação dos moradores do Bonfim com a cultura da zona rural, seja nos traços culturais, educacionais ou esportivos, principalmente no que se refere ao desenvolvimento integral, autônomo, democrático e participativo do ser humano.
Em 2008 coordenou o Polo Goiazes (GO e DF) do BMR – Brasil Memória em Rede e em 2009, o Pontão de Ação Griô Guaimbê das Nascentes & Veredas (GO, DF, MG, ES, MT e MS). A partir do estímulo das políticas culturais então vigentes tornou-se Ponto e Pontinho de Cultura, Leitura, Valor, Estória, Mídia Livre, Cultura Digital, Saúde e Memória, tendo, a partir de então, seu trabalho reconhecido e premiado em diversos editais publicados pelo MinC – Ministério da Cultura, como pode ser observado mais abaixo. Atualmente está conveniada com a SPM – Secretaria de Políticas para Mulheres para realizar trabalho de registro dos fazeres e saberes das Parteiras Tradicionais do DF e GO.
A Educação Comunitária – metodologia desenvolvida pelo grupo e que ganhou o nome de Pedagogia do Quintal – tem estimulado a integração intergeracional e de linguagens artísticas, esportivas, educativas e da tradição oral, promovendo a inclusão social e econômica de crianças, jovens, adultos e mestres da comunidade, além de estimular seu protagonismo. Tem contribuído de maneira efetiva para:
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a revitalização das brincadeiras infantis e da tradição oral local pelas ruas e escolas da cidade
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a valorização dos brincantes e artesãos tradicionais
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o fortalecimento de manifestações populares, artísticas e das relações afetivas e familiares da comunidade
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a ampliação dos momentos de lazer, convivência e prática de esportes
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a geração de trabalho e renda
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a capacitação profissional de jovens e adultos
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a educação de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social e
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a formação de redes solidárias em torno das principais necessidades e potencialidades da comunidade.
O Quintal da Aldeia ao longo destes treze anos de atuação em educação comunitária no bairro do Alto do Bonfim realizou, desde 2003, 13 ciclos de Vivências Educativas, inúmeras apresentações públicas e vivências de bumba-meu-boi e brincadeiras e ritos populares, produziu e publicou livros, DVDs e CDs sobre o patrimônio cultural imaterial local, produziu e comercializou brinquedos e peças artesanais, desenvolveu projetos esportivos, educacionais, culturais e de saúde em escolas, entidades culturais.
Prêmios recebidos
Guaimbê:
Prêmio Culturas Populares 2007 /Mestre Duda 100 Anos de Frevo – Sec. Identidade e Diversidade Cultural SID/MinC
Prêmio Ludicidade 2008 /Pontinhos de Cultura – Secretaria de Programas e Projetos Culturais SPPC/MinC
Prêmio Pontos de Leitura 2008 /Coordenação-geral de Livro e leitura (CGLL), Diretoria de Livro, Leitura e Literatura (DLLL) e Secretaria de Articulação Institucional/ MinC.
Prêmio Pontos de Mídia Livre 2009 e 2010 (categorias local e regional respectivamente) – Secretarias de Cidadania Cultural e de Articulação Institucional SCC/SAI/MinC
Prêmio Itaú-Unicef 2009 – 8ª ed. /finalista nacional (premiação Regional Goiânia) /categoria médio-porte financeiro
Prêmio Pontos de Valor 2009 /SCC/MinC e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
Prêmio Estórias de Pontos de Cultura 2009 / Secretaria de Cidadania Cultural SCC/MinC
Prêmio Interações Estéticas 2009 /Funarte-MinC
Cadastro Nacional de Experiências de Gestão e Políticas do Patrimônio Cultural 2009 /IPHAN-MinC
Prêmio Agente Cultura Viva 2009 /Secretaria de Cidadania Cultural SCC/MinC
Prêmio Cultura Digital 2010 – Esporos de Pesquisa e Experimentação / Secretaria de Cidadania Cultural SCC/MinC
Programa Oi Novos Brasis 2010 /Instituto Oi Futuro
Prêmio Interações Estéticas 2012 – Funarte/MinC
Prêmio de apoio às de bibliotecas comunitárias e/ou pontos de leitura 2013 – Fundação Biblioteca Nacional/MinC
Prêmio Leitura para Todos: Projetos Sociais de Leitura 2014 – DLLLB/FBN/MinC
Prêmio Pontos de Memória 2014 /Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM/MinC
Flor de Pequi:
Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2° chamada de 2006 – FUNARTE /MinC
Prêmio Pontinho de Cultura 2010 /Secretaria de Cidadania Cultural SCC/MinC
Prêmio Cultura e Saúde 2010/Secretaria de Cidadania Cultural SCC/MinC e Min. Saúde (Fio Cruz)
Prêmio Victor Valla de educação popular e saúde 2011 /Min. da Saúde
Individuais:
Prêmio Hip Hop 2010 (Rawston Barbosa da Veiga) /Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural SID/MinC
Prêmio Tuxaua Cultura Viva 2010 (Daraína Pregnolatto) / Secretaria de Cidadania Cultural SCC/MinC
Prêmio Itaú Cultural – Rumos Educação, Cultura e Arte 2011/2013 (Daraína Pregnolatto)
Prêmio Agente Jovem de Cultura 2012 (Noel Carvalho) – Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural SIDC/MinC
Prêmio Culturas Populares 2012 – Ed. 100 Anos de Mazzaropi (Mestre Bastião de Chica) – SIDC/MinC
Prêmio Culturas Populares 2012 – Ed. 100 Anos de Mazzaropi (Cantos de Presépio) – SIDC/MinC
Ao longo de todos estes anos de atividade o programa contou com os seguintes apoios e/ou parcerias:
ANABB – Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil
ANEPS – Articulação Nacional de Saúde e Educação Popular
ADOBE – Ateliê de cerâmica /Pirenópolis GO e PIANOCONSERTO – Ateliê de Pianos /Pirenópolis GO
FAC DF – Fundo de Arte e Cultura do Distrito Federal e FAC GO – Fundo de Arte e Cultura de Goiás
FNDE – Fundo de Desenvolvimento da Educação /Ministério da Educação
IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional
MinC – Ministério da Cultura
Funarte – Fundação Nacional da Arte /MinC
Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitário – MISMEC DF
Pontão de Cultura Bola de Meia /S. José dos Campos SP
Pontão de Cultura Brasil Memória em Rede /Ponto de Cultura Museu da Pessoa SP
Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô /Lençóis BA
Programa Monumenta – IPHAN/UNESCO/BID
Santuário de Vida Silvestre Vaga Fogo
SPM – Secretaria de Políticas para Mulheres